quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Carta nove à Apolo

Tantas coisas pra dizer, Apolo, que o fluxo da consciência fustiga o foco narrativo.
Com o tempo tornei-me um atleta de tanto correr das chibatadas prometidas pelo pai de meu pai.
Nesses dias, conversar era a última coisa que queria. Passava o dia todo brincando de bola na rua para não ver a face envelhecida cheia de ira.
Este drama permaneceu por anos, eu na rua desejando outra vida, a liberdade silenciada entre soluços e lágrimas.
Certo dia, ao se deitar, meu avô perdeu a fala, e toda sua agressividade faleceu diante de sua agonia.
Implorando o alívio, por aquele sangue cruel e impiedoso, a morte veio lhe tirar a vida e carregou consigo parte da "minha" angústia.
Como em um vídeo, assisto a este drama de minha infância em uma posição mais confortável.
A vida continua a mesma, Apolo, o que mudou foi aquilo que desejei continuar a ser.
Hoje sigo explorando o desconhecido que restou de sonhos e imaginações.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

NÃO SE ESQUEÇA!

-Comente à vontade!
-Sempre comente coisas relacionadas à postagem.
-Evite propaganda de blogs e outros sites.
-Para falar comigo escreva pra xerox_copia@yahoo.com.br


Participe comentando!